Vocacionados do Pai:

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domingo, 22 de agosto de 2010

Ser Cristão Hoje

Dizer-se Cristão, hoje, mais do que nunca consiste em um desafio explícito ao homem contemporâneo, pois é deixar-se envolver por compreensões que extrapolam a materialidade dos sentidos e especulações teóricas que tentam abarcar toda realidade, assim encontramos a admoestação do Evangelho de não nos inquietar com o comer, com o vestir.

O homem contemporâneo não está tão sensível àquilo que um dia já foi considerado ‘Palavra Oficial da Igreja’, e, tal Palavra por primazia é a Palavra de Deus, mas traz em si um desejo ou busca que o impulsiona, fazendo dele próprio um ‘ser insaciável de’, o que poderíamos em um primeiro momento chamar de fé, sem, contudo engendrar nesta primeira compreensão todos os elementos do Cristianismo no qual fomos criados e educados. Já o cristão, em sua vida ordinária, não está longe ou apartado desta mesma realidade, pois nela vive, se locomove e desenvolve com os que partilham a mesma fé ou não.

Fruto de uma longa tradição, de quase dois mil anos, os cristãos passam atualmente por uma crise, que envolve toda a sociedade, eu, você, nós, no tocante ao que é próprio de sua vida e modo de proceder no mundo (um mundo que é militante a espera do triunfante: tensão visível - invisível). Em tais modos de visão e compreensão acaba-se por partir, cindir, dividir, aquilo que é unidade e que é cada vez mais recuperada e estudada por inúmeras correntes de pensamento, das mais diversas áreas do saber humano, nas diversas e volumosas publicações de “auto ajuda; espiritualidade”.

O pano de fundo comum, é o mundo onde estamos, nosso chão, mas a motivação é variada e até dispersiva: para o cristão há o dado da Fé em uma Revelação pessoal e comunitária; já para quem não professa um credo de fé ou espiritualidade, opta por um modo de vida ou uma espiritualidade dentre várias a disposição no amplo “mundo comunicacional”, e, nesta vive e relaciona-se no mundo e com aqueles que o circundam (você e eu).

Entrar na realidade alheia o aproximar-se, dela, é tarefa estimulada pela Igreja Católica, que coloca seus fiéis como ‘discípulos e missionários’, mas também tem que ser tarefa desta mesma Igreja dar os necessários instrumentos de como encontrar e conviver nesta realidade tão plural, Clara diz que as irmãs que “o Senhor lhe dá são dons”, Francisco também diz ‘eu “o Senhor me deu irmãos” nos seu testamento, sendo que estas irmãs e irmãos são “os”, são plural, são manifestações, são modos diferentes de lidar e conviver.

Assim encontramos um grande e contínuo desafio aos que pretendem fazer um aprofundamento específico, que é ser Cristão, quer em vista de um fim definido e seleto, quer em vista de auto-conhecimento daquilo que denomina Fé. Em tal realidade encontramo-nos, para uma grande descida ao poço que somos nós e nele encontrar o que servir aos demais, a “água viva”, a “semente bem plantada e frutificada” ou simplesmente bater balde no fundo seco, sujo, empoeirado; uma descida que assusta, pois é aprofundamento de si, do entorno, da realidade como um todo, e, do eternamente desconhecido e desejado.

Por Frei Marcos Rubens Ferreira, ofm

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