Vocacionados do Pai:

Vocacionados do Pai:
Somos Escolhidos!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Vocação: caminho de identificação pessoal




A necessidade de decidir qual rumo tomar na vida é uma tendência natural de todo homem, pois estamos sempre diante das escolhas. Elas nos conduzem concomitantemente a uma tomada de decisão e esse processo nem sempre é fácil para nós alguns preferem ignorar este aspecto da nossa existência achando que assim podem livrar-se desta tortura. O fato é que, não fazer uma escolha já é uma opção.

Na fase da juventude, os questionamentos sobre as verdades existenciais sejam com relação ao tempo presente ou até mesmo acerca do futuro, são como que companheiras inseparáveis, o jovem encontra-se num período em que ele precisa de um direcionamento, isso é fundamental. Cada um de nós carrega dentro de si um ideal, na pré-adolescência eles foram (ou são) a força motriz dos nossos sonhos – quando crescer quero ser um empresário... um cantor famoso... Um jogador de futebol... um médico... Ou até mesmo um padre – todos estes pensamentos foram ou são uma forma de nos lançar à busca de uma concretização dos nossos desejos no plano da vida. Infelizmente hoje muitos jovens deixaram de sonhar com uma carreira, perderam na luta da vida antes mesmo dela começar, como têm sido desastrosos os rumos que os jovens estão tomando. O tráfico de drogas, a prostituição e a violência são reflexos de uma vida que se tornou sem sentido para muitos adolescentes, quem caminha sem ter uma direção terminará no mesmo lugar, lembre-se disso.

Uma das capacidades inerentes da natureza humana é “ser”. Uma profissão – por exemplo – pode ser de forma parcial uma tentativa de auto-identificação. A identidade nos diz sobre nós mesmos. Diz a nós e aos outro o que realmente somos daí a importância de termos uma de maneira concreta que seja, de fato, expressão do nosso eu original.

Para melhor entendermos, levemos em consideração uma reunião ou, até mesmo, um encontro de igreja; geralmente se faz uma breve apresentação dos participantes os quais se dirá o nome e a atividade que cada um desempenha na sociedade com o intuito de denominar a sua identidade, o quê realmente essa pessoa “é”. Então, é perceptível dois aspectos interessantes no processo de identificação: uma afirmação e uma negação. Identificar-se é um jeito de afirmar aquilo que você é, mas também um jeito de afirmar aquilo que você não é; se eu afirmo que sou João estou automaticamente excluindo a possibilidade de ser Fernando, e assim por diante.

No mundo profissional fala-se muito em auto-realização porque ela está ligada intimamente com o aspecto de uma personalidade, fazer aquilo que você gosta através de uma determinada profissão o faz sentir-se bem; é o primeiro passo para o caminho da felicidade, esta por sua vez não é um estado psíquico absoluto, mas uma conquista que se faz cotidianamente em meio aos entraves da vida.

Estes conceitos gerais nos permitem estabelecer uma análise mais profunda – do ponto de vista da vocação cristã – acerca do chamado que Deus direcionou para cada um de nós, levando-se em consideração o desejo de Deus manifestado no processo vivencial instigado a uma livre adesão por parte da criatura humana.

A vocação do ponto de vista Cristão

Até aqui fizemos uma breve explanação do sentido geral da vocação, agora passaremos a analisá-la a partir da ótica Cristã.

A reflexão sobre a dimensão sagrada da vocação do homem enquanto ser criado à imagem e semelhança de Deus nos revela o quanto a nossa vida é um mistério. O santo Batismo nos insere na vida Divina de Deus Trindade, nos torna participantes do seu amor trinitário, inteiramente doado na pessoa do Espírito Santo. Por este motivo o chamado à santidade consiste numa proposta que o senhor nos faz para permanecermos unidos nesse amor, à medida que respondemos ao seu desígnio exercemos de maneira plena a nossa liberdade de filhos, ou seja, perante esse chamado especial, cada um é livre para acolher ou não o seu convite.

A Bíblia está repleta de personagens que souberam corresponder ao apelo de Deus, quero destacar aqui a figura de José e Maria que acolheram o projeto da salvação de corpo e alma e mesmo sendo jovens foram capazes de levar a diante a missão a eles confiada, sem por isso deixar de exercer sua liberdade.

A cada um de nós Deus deu uma vocação e todas são muito especiais; a uns para o sagrado matrimônio, que é expressão de doação da vida a dois e a outros, o da vida consagrada ou sacerdotal que é sinal de entrega radical em prol do seu reino. Como casados ou como religiosos Deus não cessa de nos atrair e de nos chamar para o serviço em prol do seu reino. Dirijo-me de maneira muito especial aos jovens, tornem-se sensíveis aos apelos de Deus em suas vidas, em meio a tantas vozes que nos falam sejam capazes de reconhecer em meio às tantas, a voz de Deus que nos diz “Vem e Segue-me” estejam dispostos a seguir um evangelho que oferece um caminho difícil de percorrer, mas que é capaz de preencher os vazios que há dentro de nós. Responder ao convite de Deus é fortificar a nossa identidade e sucessivamente encontrar a felicidade que tanto buscamos e que não está nos meios funestos que o mundo nos oferece, mas que consiste em fazer valer a vontade de Deus em nossas vidas.

De Marabá-PA
Antonio Victor Ferreira, post.OFMcap

domingo, 22 de agosto de 2010

ORAÇÃO DE DIANTE DO CRUZ DE SÃO DAMIÃO

Altíssimo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração e dai-me uma fé direita, esperança certa e caridade perfeita, bom senso e conhecimento, Senhor, para que faça vosso santo e verdadeiro mandamento. Amém.

(S. Francisco de Assis, "Oração diante do crucifixo")

Ser Cristão Hoje

Dizer-se Cristão, hoje, mais do que nunca consiste em um desafio explícito ao homem contemporâneo, pois é deixar-se envolver por compreensões que extrapolam a materialidade dos sentidos e especulações teóricas que tentam abarcar toda realidade, assim encontramos a admoestação do Evangelho de não nos inquietar com o comer, com o vestir.

O homem contemporâneo não está tão sensível àquilo que um dia já foi considerado ‘Palavra Oficial da Igreja’, e, tal Palavra por primazia é a Palavra de Deus, mas traz em si um desejo ou busca que o impulsiona, fazendo dele próprio um ‘ser insaciável de’, o que poderíamos em um primeiro momento chamar de fé, sem, contudo engendrar nesta primeira compreensão todos os elementos do Cristianismo no qual fomos criados e educados. Já o cristão, em sua vida ordinária, não está longe ou apartado desta mesma realidade, pois nela vive, se locomove e desenvolve com os que partilham a mesma fé ou não.

Fruto de uma longa tradição, de quase dois mil anos, os cristãos passam atualmente por uma crise, que envolve toda a sociedade, eu, você, nós, no tocante ao que é próprio de sua vida e modo de proceder no mundo (um mundo que é militante a espera do triunfante: tensão visível - invisível). Em tais modos de visão e compreensão acaba-se por partir, cindir, dividir, aquilo que é unidade e que é cada vez mais recuperada e estudada por inúmeras correntes de pensamento, das mais diversas áreas do saber humano, nas diversas e volumosas publicações de “auto ajuda; espiritualidade”.

O pano de fundo comum, é o mundo onde estamos, nosso chão, mas a motivação é variada e até dispersiva: para o cristão há o dado da Fé em uma Revelação pessoal e comunitária; já para quem não professa um credo de fé ou espiritualidade, opta por um modo de vida ou uma espiritualidade dentre várias a disposição no amplo “mundo comunicacional”, e, nesta vive e relaciona-se no mundo e com aqueles que o circundam (você e eu).

Entrar na realidade alheia o aproximar-se, dela, é tarefa estimulada pela Igreja Católica, que coloca seus fiéis como ‘discípulos e missionários’, mas também tem que ser tarefa desta mesma Igreja dar os necessários instrumentos de como encontrar e conviver nesta realidade tão plural, Clara diz que as irmãs que “o Senhor lhe dá são dons”, Francisco também diz ‘eu “o Senhor me deu irmãos” nos seu testamento, sendo que estas irmãs e irmãos são “os”, são plural, são manifestações, são modos diferentes de lidar e conviver.

Assim encontramos um grande e contínuo desafio aos que pretendem fazer um aprofundamento específico, que é ser Cristão, quer em vista de um fim definido e seleto, quer em vista de auto-conhecimento daquilo que denomina Fé. Em tal realidade encontramo-nos, para uma grande descida ao poço que somos nós e nele encontrar o que servir aos demais, a “água viva”, a “semente bem plantada e frutificada” ou simplesmente bater balde no fundo seco, sujo, empoeirado; uma descida que assusta, pois é aprofundamento de si, do entorno, da realidade como um todo, e, do eternamente desconhecido e desejado.

Por Frei Marcos Rubens Ferreira, ofm

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O chamado à vida, à comunhão com Deus e com o próximo.












Numa visão corriqueira, existe uma forte tendência que leva muito facilmente as pessoas a entender a vocação como pura e simplesmente uma identificação, inclinação ou aptidão. A que tudo indica ela é vista muito mais como um gosto pessoal. É verdade que essa aptidão ou inclinação deve existir. O que não se pode é esquecer que ela é uma conseqüência. Por isso, aqui faremos uma breve explicação com o significado etimológico da palavra vocação para se compreender melhor esse mistério na vida da Igreja e de todos os seres humanos.

Toda palavra usada em determinada língua possui uma raiz semântica, que pode ser muito significativa para a compreensão exata daquilo que o vocábulo pretende realmente exprimir. O termo vocação não foge à regra.

A palavra vocação deriva do verbo latino vocare, que significa simplesmente “chamar”. Ela é, pois, a tradução do termo vocacione, que por sua vez quer dizer chamado, chamada, convite, apelo.

A força misteriosa que atrai uma pessoa levando-a a abraçar determinado serviço, a fazer alguma coisa da qual gosta, é determinada no âmbito da fé como Deus. Isso mostra que só é possível entender perfeitamente a vocação em uma dimensão de vida alimentada pela Fé. Melhor dizendo: a vocação só pode ser entendida dentro do relacionamento do ser humano com Deus, ou seja, numa realidade teológica.

O primeiro chamado que Deus faz é o chamado à vida, à comunhão com Deus e com o próximo. Toda pessoa humana “tem o chamamento superior dAquele que o criou e chamou à existência. Pois desde a eternidade, Deus fez seu plano divino sobre todas as criaturas. A vocação de toda a criatura, especialmente a do homem, consiste em realizar o plano de Deus delineado por aqueles dons que o criador depositou nele. Fica, portanto, bem claro que a vocação não é algo criado pela pessoa humana. Ela descobre-se como ser vocacionado, chamado por Deus. Se a primeira vocação é o chamado à vida e esta não é uma iniciativa humana, cabe ao homem entender que quem toma a iniciativa de chamar é Deus. A pessoa humana deve apenas responder a esse chamado.

Esse mistério que envolve a vontade do nosso criador e Pai e a nossa doação e realização neste mundo é refletido particularmente pela Igreja no Brasil durante o mês de agosto. Em cada semana se reflete sobre uma forma específica de vocação.

Na primeira semana o tema meditado é sobre o ministério ordenado: Diáconos, Padres e Bispos. Estes são chamados a configurar-se a Cristo de modo radical, no exercício ministerial do múnus profético, sacerdotal e régio.

Na segunda semana nossa atenção volta-se para a vocação à vida em família, que tem seu fundamento no sacramento do matrimônio. A vida matrimonial também é uma grande vocação, e portanto, um ministério, é participação no sacerdócio comum (não ordenado), por meio do qual se celebra o amor e o dom da vida em colaboração com a obra criadora e salvífica de Deus. A família que tem como base o matrimônio fundamenta a Igreja doméstica e o lar cristão, lugar privilegiado no qual os casais devem elevar, a cada dia, a oração a meditação e o ensino da Palavra de Deus e a transmissão dos valores cristãos e humanos.

Na terceira semana se reflete, ora e se dedica à Vida Consagrada dos Religiosos e Religiosas e leigo(a)s consagrado(a)s. Homens e mulheres que, querendo seguir Jesus de uma forma menos natural e comum, buscam imitar a Cristo na Pobreza, Obediência e Castidade.

Na ultima semana se reflete sobre o importante ministério dos leigos na comunidade, que nas mais diversas pastorais colocam-se a serviço do povo de Deus. Os ministérios extraordinários da comunhão eucarística e dedicados à liturgia, os catequistas em particular e tantos outros.

O mês de agosto é, portanto, uma ocasião para cada cristão refletir sobre a forma em que está respondendo a Deus e aumentar a intensidade de seu relacionamento através do qual se ouve, obedece e enriquece o mistério de Deus presente na vida humana e tão intimamente ligado às necessidades de cada ser criado. Que cada cristão possa entender à luz da palavra de Deus que o modelo de resposta está em Cristo, o servo obediente e humilde. E que não existe vocação superiora a outra, assim como todos os serviços convergem para a edificação do reino de Deus.

Frei Haroldo Britto – OFM Cap.
Secretario para Animação Vocacional